É provável que muita gente nunca tivesse parado para pensar como uma vacina é produzida antes da pandemia de coronavírus acontecer.
Por ela ser uma das maiores esperanças para superarmos toda essa situação, vale a pena entender como funciona a sua produção e distribuição, concorda?
Pensando nisso, dá uma olhada nos assuntos que vamos tratar neste artigo:
- Por que a vacina é tão importante para a saúde da população;
- Quando a vacina chegou ao Brasil;
- Prevenir é melhor do que remediar;
- Como a vacina funciona;
- Como as vacinas são produzidas;
- As fases de produção;
- Questões de armazenagem e distribuição
- Como os profissionais se envolvem na produção de uma vacina.
Continue lendo e tire todas as suas dúvidas!
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Por que a vacina é tão importante para a saúde da população?
Para os mais jovens, ouvir falar sobre epidemias de doenças como poliomielite, varíola e difteria é até estranho.
Isso porque essas doenças foram erradicadas há algum tempo, graças às vacinas.
O que elas fazem é blindar o nosso organismo contra vírus e bactérias capazes de causar estragos sérios.
Muitas doenças foram eliminadas no Brasil – assim como em outras partes do mundo – por meio da vacinação em massa.
Com grande parte da população imunizada, esses microrganismos que causam doenças têm menos chances de se espalhar.
Quando a vacina chegou ao Brasil?
A vacinação aconteceu pela primeira vez no país em 1804, contra a varíola. Porém, por volta de 1830, muitos pararam de se vacinar por conta de controvérsias que foram espalhadas na época.
Tanto é que um decreto imperial fez a vacinação se tornar obrigatória, já que a resistência estava aumentando cada vez mais.
A lição deixada pela varíola
Você provavelmente estudou nas aulas de história do Brasil um dos episódios marcantes daquele tempo: a Revolta da Vacina, de 1904, no Rio de Janeiro.
Sabendo que a vacina vinha de vacas doentes – isso vai ficar mais claro no tópico sobre produção de vacinas –, sobretudo as camadas de renda mais baixa começaram a rejeitar a vacinação.
Para tentar dar um jeito na situação, já que o número de internações era alto, o governo aprovou uma lei que tornava a vacina obrigatória. Essa foi a gota d’água para o movimento.
Mas vale dizer que não foi só por isso. Outras forças políticas se aproveitaram da confusão. Depois de muito conflito, prisões, ferimentos e mortes, o governo teve que desistir.
Alguns anos depois, quando a varíola voltou a devastar o Rio de Janeiro, muitos correram para ser vacinados.
Prevenir é melhor do que remediar
Todos já ouviram essa expressão alguma vez na vida. E ela funciona bem para falar de vacinação.
Afinal, tratar uma doença contagiosa pode ser bastante complicado. O mundo inteiro teve que sentir isso na pele com a Covid-19.
Diante disso, fica claro que o ideal é evitar que as doenças se espalhem. Quem cumpre esse papel melhor do que ninguém são as vacinas.
É por isso que a vacinação não pode ser vista apenas como um meio de proteção individual, pois é coletivo. Com a ajuda delas, é possível acabar de vez com certas doenças.
Movimento antivacina
Depois de entender a importância desse meio de imunização, fica um tanto quanto complicado entender o crescimento de movimentos antivacina pelo mundo.
E por que temos que nos preocupar com eles?
Por ser uma questão de saúde pública. Vários países já sentem o impacto do movimento, com o índice de vacinação de crianças caindo.
Com isso, existe o risco de doenças praticamente erradicadas voltarem a aparecer. No Brasil, os casos de sarampo, por exemplo, vêm aumentando desde 2016.
Esses movimentos costumam estar ligados à negação da ciência, disseminando notícias falsas — especialmente pelas redes sociais e aplicativos de mensagens — sobre evidências científicas.
Como a vacina funciona
Quando o seu corpo é atacado por algum vírus, o sistema imunológico produz estruturas para combater os invasores, chamadas de anticorpos.
Presentes no sangue, os anticorpos trabalham na defesa do organismo.
No primeiro contato do corpo com o vírus, essa reação não acontece tão rápido assim. Por isso, os sintomas da doença podem aparecer.
De forma geral, quando você entra em contato com o vírus pela segunda vez, o sistema imunológico já está preparado para lutar contra ele. É quando dizemos que a pessoa está imune.
O que a vacina faz é estimular o organismo a produzir anticorpos específicos. Assim, se você for contaminado, seu corpo já vai reconhecer e eliminar o inimigo rapidamente.
Como as vacinas são produzidas
A primeira vacina foi desenvolvida por um médico britânico, Edward Jenner, para combater a varíola. E sabe como ele descobriu essa forma de imunização?
Colocando uma pessoa em contato com a versão bovina do vírus. Sim, é isso mesmo!
Logo depois de ter reações leves, a pessoa se recuperou e ficou imune à versão humana da doença. Isso porque o corpo criou uma espécie de memória.
No entanto, produzir vacinas não é nada simples, já que as formulações podem ser bem diferentes umas das outras. Enquanto algumas são feitas a partir do vírus morto ou enfraquecido, outras são feitas com parte dele.
Existem também as doenças causadas, por exemplo, por toxinas produzidas por um vírus. Nesses casos, a vacina precisa destruir a toxina para evitar que a pessoa fique doente.
Ainda, em outras doenças, o problema pode ser a quantidade de vírus ou bactérias presentes no organismo. Então, o que a vacina faz é impedir que eles se multipliquem.
Conheça as fases de produção
Como você viu, o processo de produção vai depender de cada agente causador da doença.
Primeiro, ele precisa ser identificado.
A partir disso, as equipes trabalham para desenvolver a melhor formulação possível e dar os passos seguintes.
Saiba mais sobre cada uma das fases:
Pré-clínica
Nesta primeira etapa, são feitos vários estudos em laboratório. Os cientistas cultivam os vírus in vitro e fazem testes em células para testar ideias e bolar possíveis estratégias.
Quando alguma ideia parece dar certo, os testes começam a ser feitos em animais, como camundongos e macacos.
Além da eficácia, uma das grandes preocupações é saber se o composto é seguro. Do contrário, o estudo é reprovado e não pode seguir em frente.
A fase pré-clínica costuma durar muitos anos. Mas pela urgência da pandemia de Covid-19, esse período diminuiu bastante.
Vale dizer que isso só foi possível porque cientistas já estavam pesquisando vacinas contra outros coronavírus há mais tempo. Por isso, puderam passar para a próxima fase.
Fase 1
É chegado o momento de testar a vacina em humanos. Ainda que os testes com animais tenham sido positivos, é preciso ter certeza de que a vacina não causa problema em humanos.
Então, um grupo pequeno é escolhido para fazer parte da primeira testagem.
O objetivo principal na fase 1 é verificar a segurança da vacina.
Sendo assim, os pesquisadores acompanham possíveis efeitos colaterais e testam dosagens para encontrar a dose ideal. Ou seja, capaz de combater o vírus sem causar danos à saúde das pessoas.
Ao mesmo tempo, vão acompanhando a resposta imunológica dos vacinados para ter alguns indícios. Mas o fato de ser um grupo pequeno significa que é impossível saber se a vacina é realmente eficaz.
Fase 2
Se os resultados forem encorajadores, o estudo passa para a 2ª fase. Nessa etapa, um grupo bem maior de pessoas é testado.
Com informações mais claras, os pesquisadores conseguem descobrir se a vacina tem potencial para imunizar pessoas contra o vírus.
Isso porque é quando eles definem a dosagem, verificam a eficácia da vacina e avaliam os efeitos colaterais.
Fase 3
Agora, a testagem ganha outra dimensão. Milhares de pessoas passam a fazer parte do estudo, tanto para receber a vacina quanto o placebo.
Ninguém fica sabendo se recebeu o composto ou não, nem os pesquisadores. Isso é importante para comparar os resultados ao final do estudo e ter certeza de que a vacina faz a diferença.
Como os testes precisam ser feitos em lugares onde o contágio é alto, em tempos de Covid-19, o Brasil mostrou ser um lugar próprio para a fase 3.
A partir dos resultados dessa etapa, é possível saber se a vacina funciona ou não. Se forem os esperados, ela pode começar a ser produzida para distribuição.
Saiba mais sobre as questões de armazenagem e distribuição
Depois de produzidas, as vacinas precisam ser armazenadas em condições muitos especiais. Isso porque elas devem ser mantidas em uma temperatura específica.
Sendo assim, até serem aplicadas na população, dependem de equipamentos adequados para garantir a estabilidade.
Quando saem do laboratório, são levadas para as chamadas câmaras frias, onde ficam isoladas e protegidas por gelo seco.
Por esse motivo, a distribuição da vacina não é nada simples, sobretudo se a gente pensar em escala global.
Tanto os fabricantes como os governos precisam se organizar muito bem para atender às populações.
Para enviar uma vacina para outro país, por exemplo, o processo logístico é bem mais complicado.
Isso não só por conta das condições que falamos aqui, como também pelo volume de doses transportado por aviões de carga.
Em países grandes, como é o caso do Brasil, ainda é preciso pensar logística interna para atender toda a população, inclusive as pessoas que moram longe dos grandes centros.
Quais profissionais se envolvem na produção de uma vacina?
Agora que você conhece um pouco mais sobre como as vacinas são produzidas, armazenadas e distribuídas, é hora de pensar sobre o papel de certos profissionais.
Obviamente, é impossível falar aqui sobre todo mundo que contribui nesses processos, pois são inúmeros envolvidos.
Por isso, selecionamos 4 profissionais que têm um papel interessante quando se trata do desenvolvimento e administração de vacinas:
1. Advogados
Quando uma vacina é criada, ela precisa ter a patente registrada. Aqui no Brasil, quem faz o registro de patentes e marcas é o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
Esse processo deve ser feito para garantir os direitos dos inventores. E o mesmo vale para outros registros, incluindo medicamentos.
Para lidar com esses trâmites burocráticos e legais, as empresas precisam contar com a assistência de profissionais do Direito.
Os advogados também são lembrados quando surgem questões éticas nas pesquisas clínicas e discussões sobre teste de vacina em crianças, por exemplo.
Afinal, os advogados conhecem de perto as leis do país. Dessa forma, estão preparados para lidar com a burocracia em torno da produção e distribuição de vacinas.
2. Assistentes sociais
O papel dos formados em Serviço Social nem sempre é claro para a maioria das pessoas. Você sabe de que forma os assistentes sociais dão apoio às pessoas em situação de vulnerabilidade?
O trabalho deles vai muito além do assistencialismo.
Eles atuam de forma integrada com outras áreas, e a saúde é uma delas.
Esses profissionais ajudam a defender os direitos da população, o que inclui o acesso aos serviços de saúde.
Parte das funções dos assistentes sociais é levar às famílias informações sobre calendário de vacinação, a importância de vacinar as crianças, como conseguir atendimento etc.
3. Biomédicos
A Biomedicina é uma área que talvez esteja ficando mais conhecida de uns tempos para cá.
Afinal, na corrida para o desenvolvimento da vacina contra a Covid-19, os biomédicos se destacam.
Isso porque desenvolver medicamentos, vacinas e tratamentos para doenças é a razão de ser desses profissionais.
Os biomédicos fazem longas pesquisas em laboratório com vírus e outros organismos para fazer novas descobertas sobre as doenças e como curar os pacientes.
Além disso, muitos trabalham na área de pesquisa clínica, uma etapa crucial para a produção de vacinas em qualquer parte do mundo.
4. Enfermagem
É claro que o pessoal da Enfermagem não poderia ficar de fora da nossa lista. Tanto na conscientização quanto na imunização os enfermeiros são fundamentais.
Nas atividades de vacinação, a equipe de enfermagem fica responsável por conservar, manusear, aplicar e descartar os resíduos.
Ainda, esses profissionais precisam conhecer bem a situação local para definir como lidar com o serviço de imunização. Dependo do caso, é preciso oferecer orientação específica e estabelecer prioridades.
Por estarem em contato direto com a população, eles precisam de muito preparo para conscientizar as pessoas sobre a importância de se imunizar.
Curte alguma dessas carreiras?
Além de saber como funciona produção de uma vacina, é interessante entender como os profissionais ajudam a combater as principais doenças dos nossos tempos.
Depois de conhecer o papel de alguns deles, quem sabe você não encontra o caminho da sua vida profissional?
Em tempos difíceis, pensar sobre o futuro pode ser motivo de desânimo. Mas não se deixe abalar!
A gente está aqui para isso: confira agora o passo a passo para crescer profissionalmente e super a crise!