Instituição realizará no dia 22 de novembro uma mesa-redonda aberta ao público que debaterá racismo e negritude.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva no começo de 2021 apontou que, embora 84% da população brasileira reconheça o racismo, apenas 4% se consideram racistas. Como forma de contribuir com a conscientização da comunidade caririense sobre as práticas racistas que estão enraizadas na sociedade, assim como para propor uma reflexão sobre o papel da cultura negra na construção da sociedade brasileira, o Centro Universitário Doutor Leão Sampaio (Unileão) promoverá diversas ações em alusão ao mês da consciência negra e implantará iniciativas permanentes, que serão divulgadas no decorrer de novembro.
De acordo com a profa. Moema Alves, docente do curso de Psicologia da Unileão, existe uma crença no racismo, nem sempre consciente, de que há uma raça superior e o padrão dessa raça é a aparência europeia. Ela atribui esse fato ao longo período de colonização e escravidão que o Brasil tem em sua história. Assim, as pessoas com traços físicos negros passam a ser lidas socialmente como inadequadas e incapacitadas para ocupações de espaços sociais e qualificadas pejorativamente.
Historicamente, o Brasil somou quase quatro séculos de escravidão no país. A prática, que teoricamente se encerrou em 1888, seguiu por muito mais tempo e trouxe consequências que são vividas até os dias de hoje pela população negra, grupo mais atingido pela violência policial e pelas desigualdades sociais e econômicas.
Essa desigualdade é oriunda de processos relacionais na sociedade e condiciona, limita ou prejudica o status e a classe social de uma pessoa ou um grupo, interferindo em requisitos primários para a qualidade de vida.
Uma das maiores expressões de desigualdade social e racial no país é a forte concentração dos índices de violência contra a população negra. A chance de uma pessoa negra ser assassinada no Brasil é 2,6 vezes superior à de pessoas não negras, de acordo com o Atlas da Violência 2021.
Em uma tentativa de assegurar os direitos básicos aos cidadãos pretos e pardos, que representam cerca de 56% da população brasileira, e diminuir os efeitos da desigualdade social e racial é que, em 2010, foi promulgada a Lei 12.288/2010, conhecida como Estatuto da Igualdade Racial.
No dia 22 de novembro, a Unileão realizará uma mesa-redonda intitulada “Racismo e Negritude no Cotidiano Profissional – Atravessamentos e Enfrentamentos”, a partir das 19h, no auditório do bloco E do campus Lagoa Seca da Instituição.
O evento contará, além da mesa principal, composta por professores da Instituição, com uma apresentação cultural e com a palestra de abertura “Representatividade e Reconhecimento Negro na Atualidade”, ministrada pelo prof. Régio Quirino, que é mestre e doutorando em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e professor de Ensino Superior e da Educação Básica.
As inscrições estão abertas e podem ser feitas gratuitamente por meio deste link. A atividade será aberta ao público.
O Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é marcado por atividades culturais, debates e manifestações organizadas pelo movimento negro em diferentes regiões do país. A data foi instituída oficialmente pela Lei Federal Nº 12.519/2011. Embora tenha sido oficializada somente em 2011, a data já estava incluída no calendário escolar desde o ano de 2003.
Benedita da Silva foi a autora do projeto que definiu 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra, em contraposição ao 13 de maio, em que se comemora a abolição da escravatura. A data não representava, de fato, a liberdade dos negros escravizados, já que a vida de miséria do povo preto seguiu após a abolição. Em virtude disso, institui-se o dia 20 de novembro em memória de Zumbi dos Palmares e da sua luta histórica pela liberdade e valorização do povo negro no Brasil.
Zumbi nasceu em 1655 e foi o chefe de maior destaque na história do Quilombo dos Palmares, situado entre os estados nordestinos de Alagoas e Pernambuco. Foi capturado ainda na juventude e, após sua fuga, voltou ao quilombo para liderar o povo de Palmares. Seu nome é lembrado no dia 20 de novembro por ter lutado até a morte para defender seu povo em uma batalha contra os colonos portugueses.