Conselhos Federais como os de Enfermagem, Fisioterapia, Odontologia e Psicologia se posicionam contra o ensino à distância e alguns são contra, também, a validação dos diplomas EAD.
Após a pandemia, a oferta de cursos de Ensino à Distância (EAD) por Instituições de Ensino Superior (IES) aumentou consideravelmente no Brasil. No entanto, diversos especialistas e Conselhos de Classe se opõem a essa modalidade de ensino, por não oferecer as ferramentas necessárias para uma formação completa, que requer muito mais que apenas um diploma.
Em mão a esse pensamento encontra-se Aneesh Raman, VP da rede social LinkedIn. Em um programa no podcast Worklab, da Microsoft, Aneesh disse que a vida útil de um diploma universitário está diminuindo rapidamente na era da IA. No lugar das competências específicas tradicionalmente desenvolvidas em cursos de ensino superior, que têm validades cada vez mais curtas, competências humanas, como adaptabilidade, criatividade, comunicação e flexibilidade são cada vez mais as grandes definidoras de um perfil profissional desejado.
Segundo pesquisas recentes, essas competências são muito mais difíceis de serem desenvolvidas em um curso EAD. É por esse motivo que os Conselhos de Classe de várias profissões estão se posicionando contra o modelo, especialmente as áreas da saúde, que requerem ainda mais práticas presenciais. É o caso do Conselho Federal de Odontologia (CFO), do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e do Conselho Federal de Psicologia que utilizaram publicamente das suas redes sociais para se opor ao Ensino à Distância na formação de Cirurgiões-Dentistas, Enfermeiros e Psicólogos.
Além desses Conselhos, diversos outros se unem pelo fim da oferta desordenada de cursos de saúde EAD, como aponta uma matéria feita pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O texto foi com base em uma audiência pública realizada em novembro de 2023, onde representantes de conselhos profissionais da saúde foram unânimes ao se posicionarem contra a oferta de cursos de graduação na modalidade de ensino a distância (EaD) no setor.
Na matéria, Anderson Coelho, Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 4ª Região, disse que o número dessas vagas tem crescido mais de 20 vezes, se comparado com a de cursos presenciais. Segundo ele, isso causaria grande prejuízo para a formação de profissionais, que precisam não só do conteúdo propriamente dito, mas também de referências para um atendimento humanizado e próximo do paciente.
“O diploma dos profissionais vai ser igual nos dois casos, mas a formação é igual?”, aponta o Presidente. Assim, ao pensar em investir em uma profissão, é preciso ver muito além do mero papel do diploma e observar a qualidade da formação que será oferecida. Não adianta passar anos em um curso para, ao final, não conseguir uma posição no mercado de trabalho. Ou, caso consiga, não saber lidar com as demandas do dia a dia profissional e nem saber trazer humanização para os atendimentos, pois não foi vivenciada essa prática enquanto estudante. Uma graduação é, e continuará sendo, mais que um mero título profissional.
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