Neste Novembro Azul, Unileão abraça proposta de ampliar o diálogo sobre a saúde masculina, promovendo uma cultura de autocuidado e responsabilidade que beneficie não apenas os homens, mas também suas famílias e comunidades.
O Centro Universitário Doutor Leão Sampaio (Unileão) se mobiliza em torno da campanha Novembro Azul, que, embora tenha como foco principal o câncer de próstata, busca expandir a abordagem para questões mais amplas de saúde e responsabilidade masculina. O objetivo é destacar que o cuidado com a saúde do homem deve ir além do rastreamento de doenças, incorporando o autocuidado e a paternidade responsável como pilares para promover mudanças sociais significativas.
A campanha, que começou em 2003 na Austrália, visa aumentar a conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico precoce de doenças que afetam a população masculina. O câncer de próstata, o segundo mais comum entre os homens brasileiros, é frequentemente diagnosticado em pessoas com mais de 65 anos. Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam a estimativa de 71.730 novos casos anuais no Brasil para o triênio 2023-2025. Leia mais, aqui.
O professor da disciplina de “Enfermagem Oncológica”, Tonny Emanuel Fernandes Macedo, esclarece que a ideia da campanha é incentivar a realização de exames, especialmente em homens a partir dos 50 anos ou a partir dos 45 anos, caso haja histórico familiar da doença. A detecção precoce – ele reforça- aumenta consideravelmente as chances de sucesso no tratamento, o que torna a conscientização vital para a saúde masculina. “O Novembro Azul também promove a importância de uma vida saudável, como manter uma dieta equilibrada praticar atividades físicas e também realizar as consultas regulares”, explica o professor.
De acordo com a professora Halana Cecília Vieira Pereira, que ministra a disciplina de “Enfermagem em Saúde do Homem, Gênero e Sexualidade”, o desconhecimento sobre doenças e sintomas, aliado à dificuldade de conciliar trabalho e atendimento em saúde, são barreiras que precisam ser superadas. Além disso, a professora ressalta que a busca pelo autocuidado é frequentemente mal interpretada, sendo vista como um sinal de fraqueza, uma ideia que precisa ser desconstruída.
As estruturas de saúde também precisam ser repensadas, na opinião da professora, com um foco maior em serviços que atendam às necessidades masculinas. “As barreiras institucionais muitas vezes dificultam o acesso dos homens aos serviços de saúde por não oferecer um espaço mais atrativo para o cuidado da população masculina, focando mais em estruturas preparadas para mulheres e crianças, entre outras dificuldades organizacionais, como, por exemplo, o engessamento da agenda dos profissionais e a limitação de ações voltadas à saúde dos homens”, observa.
A professora também ressalta a mudança de hábitos promovida pela educação, seguida da implementação de programas de saúde nas empresas e a promoção de saúde preventiva como caminhos para a criação de um ambiente mais propício para o cuidado. “Falar sobre saúde masculina deve ser uma parte natural do cotidiano”, destaca a professora.
A professora Moema Alves, do curso de Psicologia da Unileão, complementa que a construção de uma masculinidade que valoriza o cuidado é crucial. Para ela, o papel paterno é fundamental para a saúde mental de crianças e homens. “A presença dos pais nas consultas de pré-natal, por exemplo, fortalece vínculos e contribui para o bem-estar geral”, observa.
Os direitos dos homens em relação à saúde também devem ser enfatizados. Isso inclui o acesso a consultas e exames no SUS, acompanhamento durante a gestação de seus filhos, e o direito à licença paternidade.
Neste sentido, a professora enumera algumas pistas para trabalhar a temática Novembro Azul, que incluem:
I – Ser atendido dignamente em serviços públicos de saúde no SUS, inclusive para consultas e exames variados de rotina; acompanhar o desenvolvimento do pré-natal e parto de um filho em comum acordo com a pessoa que gesta;
II – Ter acompanhamento e atualização do cartão vacinal;
III – Receber orientações e ter consultas relacionadas à saúde reprodutiva e planejamento familiar;
IV – Gozar de licença paternidade.
O Brasil é o único país da América Latina com uma política de saúde específica para a população masculina. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, criada em 2008, busca fomentar, justamente, ações que incentivem o autocuidado e a prevenção a partir de pequenos hábitos como equilibrar a alimentação, manter uma prática regular de exercícios e realizar visitas periódicas ao médico.
Por isso, neste Novembro Azul, a proposta da Unileão é ampliar o diálogo sobre a saúde masculina, promovendo uma cultura de autocuidado e responsabilidade que beneficie não apenas os homens, mas também suas famílias e comunidades. Cuidar da saúde deve ser encarado como um direito e não como uma obrigação, criando um espaço de conscientização que envolve todos na construção de uma sociedade mais saudável.
Fontes:
https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estimativa-2023-incidencia-de-cancer-no-brasil
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/cancer-de-prostata
https://www.oncoguia.org.br/conteudo/estatistica-para-cancer-de-prostata/5852/288/
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/saude-do-homem