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Dia da Consciência Negra: as simbologias para além de um feriado

Instituído feriado em todo o país, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra busca promover o combate ao racismo e a igualdade racial.

19/11/2024 08:00 am - Atualizado em 19/11/2024 09:56 am - COMPARTILHE: - + Imprimir

Pela primeira vez, o Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, será feriado nacional. A data remete à morte de Zumbi dos Palmares, líder quilombola, símbolo da resistência e da busca pela liberdade. A importância simbólica, no entanto, vai além de um feriado. É um reconhecimento histórico da população negra e da sua luta cotidiana pelo cumprimento de direitos.

No último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em 2022, 57% da população brasileira se declarava preta ou parda. Esse dado reforça a necessidade contínua de políticas públicas que reafirmem a importância da herança cultural afro-brasileira, fortaleçam o empoderamento e promovam a inclusão, a igualdade e a justiça social.

Um pouco de história: da luta pela abolição à conquista dos direitos mais elementares

Uma série de acontecimentos históricos marcam a luta da população negra ao longo do tempo, da abolição da escravatura, passando pela conquista de direitos civis e sociais, tanto no Brasil quanto no cenário internacional. Confira alguns deles nesta linha do tempo:

13 de maio de 1888: A Princesa Isabel assina a Lei Áurea, oficializando a Abolição da Escravatura no Brasil, resultado de décadas de resistência e de mobilização por parte dos movimentos abolicionistas e dos próprios escravizados.

1988: A Constituição Federal do Brasil reconhece os direitos territoriais das comunidades quilombolas, um passo importante na valorização e proteção da cultura afro-brasileira.

1989: A Lei Caó tipifica o racismo como crime inafiançável e imprescritível, avançando nas políticas de combate à discriminação racial. 

1948 a 1994: Nelson Mandela lidera a resistência contra o Apartheid, um regime de segregação racial na África do Sul. Sua atuação política fez dele um ícone global para a luta contra o racismo e pela igualdade.

Décadas de 1950 e 1960: Ainda no cenário internacional, o movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos ganha força, com a liderança de figuras como Martin Luther King Jr., que combate o racismo e a segregação racial.

2003: A Lei 10.639 torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas, promovendo a valorização da identidade negra desde a educação básica.

2008: Barack Obama é eleito o 44º presidente dos Estados Unidos, o primeiro afro-americano da história do país e um dos líderes mais influentes do mundo. O famoso bordão – “Yes, we can!” – tornou-se um símbolo de sua campanha. A frase, que pode ser traduzida como “Sim, nós podemos!”, buscava capturar o espírito de esperança, mudança e unidade.

2012: A implementação das cotas raciais em universidades públicas e concursos públicos no Brasil é um marco significativo para garantir maior inclusão educacional e profissional para a população negra.

2013: Movimentos globais, como o Black Lives Matter, chamam atenção para questões de racismo sistêmico e violência policial, ampliando o debate sobre a igualdade racial no mundo.

2021: Kamala Harris se torna a primeira mulher negra a ocupar a vice-presidência dos Estados Unidos, representando avanços significativos na política e inclusão da população negra, com sua trajetória sendo um símbolo das conquistas da comunidade negra globalmente.

Para instigar o debate: sugestões de série e livros

Para estimular a reflexão sobre a história, cultura e os desafios enfrentados pela população negra, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, esta reportagem selecionou algumas séries e livros. Confira abaixo.

Nossa Voz Ecoa: websérie com participação de Criolo, Djamila Ribeiro, MC Soffia, entre outras personalidades, a rapper e ativista Preta-Rara aborda temas importantes como o feminismo negro, a gordofobia, a cultura hip hop e questões relacionadas ao movimento negro. Cada episódio traz entrevistas e discussões, explorando as vivências e desafios enfrentados pela comunidade negra no Brasil.

Assista neste link. 

Falas Negras: produzido pelo Globoplay para celebrar o Dia da Consciência Negra, o programa traz atores famosos como Thais Araújo e Ailton Graça representando personalidades históricas e políticas como Martin Luther King, Nelson Mandela e Mariele Franco, destacando a força e a resistência da população negra ao longo dos séculos, desde o período da escravidão até os dias atuais.

Confira o trailer aqui.

Consciência Negra: documentário da Rádio e TV Justiça traça um panorama da trajetória dos negros no Brasil. Grandes nomes do movimento negro no país repercutem a herança da escravidão e suas consequências no presente e no futuro do povo brasileiro.

Veja neste link.

Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro: um guia prático para entender e combater o racismo.

Tornar-se Negro, de Neusa Santos Souza: uma análise psicológica sobre a identidade negra no Brasil.

Na Minha Pele, de Lázaro Ramos: leitura essencial para quem deseja entender melhor as complexidades das relações raciais no Brasil e a importância da representatividade e da resistência.


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