Conquistas refletem a dedicação dos professores e a contribuição para o desenvolvimento acadêmico e científico da região.
O Centro Universitário Doutor Leão Sampaio (Unileão) celebra a aprovação de três professores em programas de doutorado, um marco importante para a formação acadêmica de seu corpo docente. Hercules Coelho, ex-aluno e docente do curso de Enfermagem, foi aprovado na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e na Universidade Estadual do Ceará (UECE), onde a professora Jenifer Kelly Pinheiro, do curso de Educação Física, também conquistou aprovação. Já o professor Pedro Adjedan, do curso de Direito, foi aprovado na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Em entrevista a esta reportagem, eles compartilharam o significado dessas conquistas e o papel da Unileão no processo. Confira.
“Com o doutorado, terei a oportunidade de adquirir novos conhecimentos, trazer inovações para nossa região e para a área da Enfermagem”
Docente e preceptor do curso de Enfermagem, do qual também é egresso, o professor Hercules Coelho celebra a aprovação em dois programas de Doutorado acadêmicos: um na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com foco em Enfermagem e Educação em Saúde, e outro na Universidade Estadual do Ceará (UECE), com ênfase em Segurança do Paciente e Tecnologias no Cuidado Clínico em Cronicidades.
Para ele, essa conquista representa um marco em sua trajetória profissional, que começou a ser traçada ainda na graduação, quando percebeu na carreira docente uma possibilidade para a vida profissional. O engajamento nas atividades de ensino, pesquisa e extensão foi fundamental para construir o currículo que o levou à aprovação.
Entre as atividades, o professor destaca a participação em monitorias acadêmicas nas disciplinas de Anatomia Humana, Fisiologia Humana, Urgência em Saúde, Semiologia e Semiotécnica em Enfermagem, além de atividades em projetos e programas de extensão, como a Liga Acadêmica do Suporte Básico de Vida em Parada Cardiorrespiratória (LASP), da qual foi membro fundador e coordenador, além do Projeto Enfermagem da Alegria e do Programa de Ensino Ambiental e Social (PEAS).
Sua trajetória acadêmica também inclui o envolvimento com grupos de pesquisa, como o Laboratório de Estudos sobre Determinantes Sociais e Equidade em Saúde (LEDSES); o Grupo de Pesquisa sobre Envelhecimento e Saúde Coletiva (GPESC) e a Iniciação Científica no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica e Tecnológica (PIBICT), com o projeto “Adesão da Equipe de Enfermagem às Práticas de Higiene das Mãos em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal”, orientado pela professora Ana Maria Machado Borges.
Como docente da Unileão, o professor Hercules também conta que aprimorou seu perfil de pesquisador. “Tive a oportunidade de realizar capacitações, orientar trabalhos acadêmicos, atuar como avaliador em eventos científicos e periódicos”, lembra.
Foi na prática de sala de aula e na orientação de estagiários que ele definiu o tema de sua pesquisa de doutorado. “Identifiquei que a pneumonia hospitalar, embora frequentemente subestimada, é uma condição que demanda atenção prioritária devido ao seu impacto significativo na morbimortalidade hospitalar”, explica. A pesquisa busca “construir e validar uma cartilha educativa para a prevenção de Pneumonia Hospitalar não Associada à Ventilação Mecânica em pacientes adultos hospitalizados”. O professor acredita que esse trabalho trará benefícios à sociedade ao promover a conscientização sobre práticas de prevenção que podem salvar vidas e reduzir custos com complicações hospitalares.
A pesquisa também contribuirá para fortalecer as práticas baseadas em evidências, estimulando a adoção de tecnologias educacionais inovadoras no cuidado clínico. “Isso não apenas melhora a segurança do paciente, mas também eleva os padrões de qualidade e humanização na assistência hospitalar, consolidando a enfermagem como protagonista na promoção da saúde”, afirma.
Segundo o professor, com o doutorado, ele terá a oportunidade de adquirir conhecimentos, trazer inovações para a região e para a área da Enfermagem, além de expandir sua rede de contatos e networking. “Esses elementos contribuirão para meu desenvolvimento enquanto pesquisador e docente, além de promover melhorias na segurança do paciente e na qualidade da assistência de enfermagem”, completa o professor.
“É imprescindível que o profissional, principalmente o professor, esteja se capacitando, passando por essas etapas […] isso vai agregar muito nas disciplinas, na própria pesquisa científica”
Aprovada no programa de doutorado em Saúde Coletiva da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e na Universidade Federal de Sergipe, no programa de ciências da saúde, a professora Jenifer Kelly Pinheiro é docente no curso de Educação Física da Unileão e em 2024 celebra exatamente 10 anos na instituição. Atualmente, ela ministra as disciplinas de prescrição para grupos especiais, TCC2, estágio supervisionado 3 e 4, sendo este último voltado para atividades em academia. Também atua como preceptora da Academia-Escola desde a inauguração, em 2019, e leciona hidroginástica e ginástica.
Sobre a aprovação no doutorado, a professora ressalta a importância de cumprir etapas do processo formativo. “É imprescindível e importante que o profissional, principalmente o professor, esteja se capacitando, passando por essas etapas, é necessário que essas etapas sejam cumpridas e isso vai agregar muito nas disciplinas, na própria pesquisa científica, nessa área de saúde coletiva, na área de grupos especiais, então, me permite crescimento profissional”, considera.
De acordo com a professora, as oportunidades oferecidas pela Unileão foram essenciais para o seu crescimento como pesquisadora e profissional, permitindo-lhe a supervisão de alunos de iniciação científica. Essa experiência foi determinante para a aprovação, com destaque para sua performance nas seleções, nas quais obteve notas altas.
“As atividades que a Unileão me oportunizou, principalmente através da COPEX, que acreditou nos meus projetos de extensão, que me permitiram crescer enquanto pesquisadora, enquanto profissional docente, onde eu também pude ter alunos de iniciação científica, foram imprescindíveis na construção do meu currículo – uma das etapas da seleção para o Doutorado era o currículo – e nos dois processos seletivos: em um eu tirei 96% e outro 100% no currículo”, conta.
Outro fator que contribuiu para o sucesso na seleção, avalia a professora, foi a produção científica, com publicações em revistas conceituadas, algumas delas de qualis A1, e até internacionais. Durante a entrevista, ela foi questionada, por exemplo, sobre como poderia contribuir para o programa, e destacou seu trabalho com publicações e sua experiência à frente de grupos de pesquisa, o que rendeu a ela o primeiro lugar na vaga destinada ao orientador e o terceiro no quadro geral das linhas de pesquisa.
No Doutorado, a professora Jenifer pretende avaliar o efeito do treinamento aeróbio e resistido em idosos com doença arterial periférica e hipertensão associada. “É uma patologia que tem atingido muitas pessoas e que impossibilita, inclusive, as atividades básicas diárias e influencia na qualidade de vida, na qualidade do sono, na perda da funcionalidade, pessoas com doença arterial periférica também tendem a ter redução cognitiva devido à falta mesmo dos movimentos e da circulação sanguínea”, explica.
Seu projeto de pesquisa visa, também, contribuir com a sociedade por meio da implementação de práticas de exercício físico nos ambientes públicos de saúde. O objetivo é criar protocolos de exercício físico validados, para que outros profissionais possam utilizá-los na prática clínica, contribuindo no tratamento e controle da doença arterial periférica.
“Como nossas subjetividades e nossas identidades são entrelaçadas nesse emaranhado da profissionalidade docente, a vontade de aprender mais aumentou…”
Aprovado em 4º lugar no doutorado em Antropologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o professor Pedro Adjedan vê a conquista como uma realização que vai além do âmbito acadêmico e profissional, sendo também um reflexo de sua trajetória de vida.
Filho de um carpinteiro e uma doméstica, começou a trabalhar aos 12 anos e enfrentou inúmeros desafios até chegar à universidade. “Comecei a carreira no magistério em 1998 […] Ingressei no curso de História na Universidade Regional do Cariri (Urca), onde também fiz uma especialização em Arqueologia Social Inclusiva e o Mestrado em Educação”, recorda. “Esse percurso, embora seja simplificado em poucas palavras, está absolutamente atravessado por toda uma história de vida que aqui não teria espaço para contar”.
Apesar de sua formação em História, apaixonou-se pela Antropologia e Sociologia, áreas com as quais teve contato ao lecionar Sociologia no Ensino Médio e Antropologia no Ensino Superior. Foi nesse contexto que a Unileão teve papel central. O professor Pedro Adjedan passou a enxergar a Antropologia não apenas como uma ciência, mas como um campo complexo e poético para compreender o sentido das “coisas”, que existem em função dos significados atribuídos a elas.
“Esses sentidos resultam das estruturas culturais que definem as nossas percepções”, explica, afirmando que “tudo isso pode ser desvendado pela Antropologia quando ela se propõe a estudar e explicar a condição humana. Se não fosse essa oportunidade dada pela Unileão, talvez esse encantamento não tivesse emergido”, considera.
No doutorado, o professor Pedro Adjedan seguirá a linha de pesquisa “Território, Identidades e Meio Ambiente”, com foco na Arqueologia Social Inclusiva, que já havia sido tema de seu mestrado e especialização. Ele se dedicará à análise das manifestações culturais locais e à preservação das culturas diante das transformações globais, a partir da Fundação Casa Grande, localizada em Nova Olinda-CE.
“Somos privilegiados com os encantamentos das manifestações culturais tangíveis e intangíveis que povoam esse nosso lugar e que alimentam as nossas identidades. Os saberes, os mitos, as manifestações religiosas, tudo isso está dentro de um território vivo e orgânico, sob o afago da Chapada do Araripe”, afirma. Essa “organicidade” motivou o professor a investigar o papel dos Museus Orgânicos como espaços de resistência, de preservação cultural e como mecanismos de emancipação cultural e sustentabilidade.
“Participar de um processo seletivo é sempre um desafio, ainda mais quando se trata de um doutorado numa das melhores universidades públicas do país como a UFPB, tendo em vista que o acesso a esse tipo de qualificação no Brasil é muito restrito historicamente […] Penso que a nossa pesquisa poderá contribuir para evidenciar essa nova forma de preservação cultural, para o conhecimento e reconhecimento de nossas identidades culturais e para o aprofundamento do saber acerca das manifestações e expressões das culturas praticadas em nosso território”, considera.