Dedicada a pesquisas com plantas medicinais da Chapada do Araripe, a trajetória da professora Raíra Justino, do curso de Biomedicina, inspira diversas mulheres a enveredar pelos caminhos da ciência e acreditar no próprio potencial.
Desde a infância, a professora Raíra Justino sabia que queria ser cientista. Mas as representações que via em filmes e desenhos animados eram, em sua maioria, masculinas, o que fazia o sonho parecer distante e, por vezes, quase inalcançável. Hoje, com orgulho, ela vê esse sonho realizado: é professora e pesquisadora do curso de Biomedicina da Unileão, instituição onde se formou em 2013.
“Quando entrei na graduação, vi que muitas mulheres estavam ocupando papéis importantes, tanto na parte administrativa quanto entre as professoras. Isso me deu inspiração e força para seguir”, relembra. E ainda olhando para a jornada que a levou do sonho à realidade, diz, orgulhosa de si: “Eu sou a cientista que, quando criança, eu pensava em ser. E isso é uma realização para mim”.
No entanto, ressalta que sua realização não se limita apenas a sua própria pesquisa. Ela sente também uma grande satisfação ao ver suas alunas e alunos se desenvolvendo e se tornando profissionais comprometidos. “Hoje eu também me sinto muito feliz em poder talvez ser inspiração para essas novas mulheres que ingressam aqui, alguém que elas podem se inspirar”.
Apesar disso, o caminho da professora Raíra, assim como o de muitas outras mulheres na Ciência, foi marcado por situações desafiadoras que testaram a sua capacidade de resiliência em um ambiente predominantemente masculino. Ela teve de aprender a confiar em suas habilidades e superar obstáculos que frequentemente surgiam em sua trajetória. Para ela, a crescente presença feminina nesse campo é essencial para garantir mais igualdade e fortalecer os direitos das mulheres.
“Talvez algumas das nossas ideias não sejam aceitas de primeira, algumas das nossas análises sejam colocadas em dúvida e nós precisamos, primeiro, acreditar em nosso trabalho e ter a certeza daquilo que nós estamos fazendo e buscar sempre o melhor. Quanto mais lugares a gente puder ocupar, mais a gente vai conseguir alavancar os direitos das mulheres”, acredita.
A trajetória da professora Raíra se entrelaça com a de outra biomédica de destaque: Jaqueline Goes, pesquisadora que teve grande visibilidade por seu trabalho no sequenciamento do genoma do vírus SARS-CoV-2 (Coronavírus/Covid-19). As duas, com suas respectivas histórias de superação e impacto na Ciência, representam a força da resiliência feminina.
“A Jaqueline Gois se tornou uma grande referência de Ciência, de pesquisadora, de mulher e uma mulher negra. Ela é uma biomédica que ajudou em um momento tão importante que o Brasil precisava ali da função que ela exercia. Então, ela estar nesse lugar, ela ter trazido um olhar do Brasil todo para a nossa profissão, para as mulheres, para as mulheres negras, para as mulheres pesquisadoras, isso se tornou um referencial. E isso inspira”, destaca a professora. Assim, a palavra “resiliência”, para ela, sintetiza a luta constante das mulheres para ocupar os espaços que merecem.
“A mensagem que eu posso deixar é: corram atrás dos seus objetivos e não desistam. Não deixem ninguém parar vocês. Se vocês sabem o que querem e têm esse desejo, corram atrás e não parem até atingir seus objetivos. Metade de mim é resiliência e a outra metade também.”
Ciência, saúde e diagnóstico em função da qualidade de vida.