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Jornadas que Inspiram: Egressa da Unileão atua na advocacia criminal e compartilha experiências

Interesse de Thamiris Silva pela advocacia criminal surgiu durante um estágio na Defensoria Pública do Estado do Ceará, na sede de Juazeiro do Norte; saiba mais nesta entrevista.

26/03/2025 13:55 pm - COMPARTILHE: - + Imprimir

O Centro Universitário Doutor Leão Sampaio (Unileão) se destaca como referência em ensino de qualidade no Cariri cearense, formando anualmente centenas de profissionais que seguem carreira em diversas áreas. Um exemplo disso é a egressa Thamiris Silva, que atua na advocacia criminal há três anos e é mãe de uma criança da mesma idade. Ela é pós-graduada em Direito Penal e Criminologia, e pós-graduanda em Tribunal do Júri, Execução Penal, Direito Administrativo e Gestão Pública. Thamiris também é membro da Comissão de Direito Penal e Direito Penitenciário, além da Comissão de Apoio ao Jovem Advogado.

Natural de São Paulo e com família pernambucana, Thamiris iniciou sua jornada acadêmica na Psicologia. “Sempre ouvi que o Direito era elitista, voltado para quem tinha familiares advogados ou alguma influência no meio jurídico”, disse. Mas, ao ouvir comentários sobre a Unileão, ela prestou vestibular, com Psicologia como primeira opção e Direito na segunda. Durante o curso, ela destaca que ganhou coragem e tentou novamente o vestibular para Direito, sendo aprovada.

O interesse de Thamiris pela advocacia criminal surgiu durante um estágio na Defensoria Pública do Estado do Ceará, na sede de Juazeiro do Norte, onde ela percebeu que queria atuar lidando com as injustiças e com a falta de amparo do Estado. Mas, estar em um espaço tradicionalmente ocupado por homens, fez Thamiris passar por alguns desafios. Leia mais nesta entrevista.

Como surgiu o interesse pelo Direito e como foi sua jornada na graduação?

Eu soube que queria cursar Direito ainda no ensino médio. No entanto, por muito tempo, achei que esse curso não era para mim. Sempre ouvi que o Direito era elitista, voltado para quem tinha familiares advogados ou alguma influência no meio jurídico. Também diziam que era um curso caro e que, se eu não passasse em uma universidade federal, não conseguiria cursá-lo. 

Sou natural de São Paulo, com família pernambucana de Exu. Fui criada entre as duas cidades e, ao terminar o ensino médio em Exu, fiz o Enem e enviei minhas notas para faculdades de São Paulo, pois queria voltar para lá. No entanto, minha mãe não permitiu, pois se preocupava que eu fosse para tão longe. Assim, restou-me a opção do FIES, e foi então que descobrimos a Unileão. Percebi que não precisava ir tão longe para cursar Direito, pois, bem próximo de Exu, havia uma Instituição capacitada e muito bem reconhecida na região. 

Quando entrei na graduação, meu objetivo era me tornar delegada da Polícia Civil, mas, ao longo do curso, descobri minha paixão pela advocacia. Durante o estágio na Defensoria Pública, percebi que queria atuar lidando com as injustiças e com a falta de amparo do Estado. Foi essencial para mim tudo o que aprendi durante a graduação. Tive professores excelentes, que até hoje me inspiram muito. E sigo aprendendo bastante. Mas, da minha jornada, a Unileão é a parte essencial. Eu me senti muito acolhida. Aprendi muito, não só dentro do Direito, mas também como pessoa. Cresci muito aqui.

Como foi a transição da faculdade para a advocacia?

Saí da graduação já atuando na área. Fui aprovada na OAB enquanto ainda era estudante e, em abril, já estava com minha carteira oficial da Ordem. Senti a diferença de ter tido um bom preparo, porque tive professores que eram referências não apenas na docência, mas também na advocacia. 

Seguir na advocacia foi uma escolha que, de certa forma, também me escolheu. Quando comecei a advogar, percebi que era isso que eu queria. Os estágios que fiz foram fundamentais para minha formação e me ajudaram a enfrentar os desafios da profissão. 

Desde o início, sabia que queria atuar na área criminal, mesmo quando me aconselhavam a começar com algo “mais leve”. Diziam que eu não era daqui, não tinha parentes, e eu dizia: “eu vou lá no Instagram e divulgo que sou advogada”. Então, comecei gravando vídeos sobre Direito Penal e, logo, recebi minha primeira ligação para um flagrante.

Como foi conciliar a maternidade com a advocacia?

Hoje, enfrento um desafio maior do que a advocacia: sou mãe de uma menina de 3 anos. Minha jornada na advocacia começou ao mesmo tempo que a maternidade. Durante a graduação, fiquei gestante e segui estudando até o fim. Fiz a segunda fase da OAB três dias antes do meu parto. Lembro que as pessoas olhavam para mim na prova e provavelmente pensavam que eu poderia entrar em trabalho de parto ali mesmo. 

Quando minha filha nasceu, muitas pessoas sugeriram que eu trancasse o curso, dizendo que seria muita responsabilidade cuidar de um recém-nascido e continuar estudando. Mas eu bati o pé e segui em frente. 

Muitas vezes, enquanto amamentava minha filha, eu também peticionava. Nesses momentos, eu fazia um registro e publicava no Instagram. Algumas pessoas me criticavam, dizendo que eu não deveria postar esse tipo de coisa, mas fiz questão de mostrar a realidade da advocacia. A advocacia não é só colocar um salto bonito, um terninho e achar que nós, mulheres, já temos o mesmo espaço que os homens, e chegar lá achando que não vamos sofrer nenhum tipo de represália. A gente tem que mostrar que as lutas que passamos não diminuem nossa competência. Pelo contrário, elas me faziam ser uma pessoa que subia um degrau a mais na escada para poder estar ali.

Como é ser uma mulher advogada na área criminal? 

Eu lembro que, para sair para questões de trabalho, eu tinha que colocar minha filha para dormir, amamentar, fazer uma coisa e outra. Já tive cliente que disse: “eu pensei em ligar para a doutora, mas pensei nela com criança para sair essas horas”. Eu disse: “mas eu escolhi atuar na criminal, então é uma responsabilidade para mim dar o meu jeito e estar ali naquela situação”. Esse é um dos desafios: a gente não tem hora.

A atuação na criminal tem esse diferencial, a gente tem que ter essa disponibilidade de tempo e escolher estar naquele lugar de forma determinada. A delegacia é, normalmente, um ambiente hostil. Eu já ouvi de um policial: ‘’vida de moça bonita é muito fácil nesses lugares”. Me veio um enjoo na hora, pois deram a entender que, por ser bonita e arrumada, você entra em qualquer espaço e resolve qualquer coisa.

Também enfrento julgamentos dentro da própria advocacia. Uma vez, um advogado disse que não conversava com clientes presos, diferente do que eu faço. Eu, por outro lado, sempre faço questão de dialogar com meus clientes. Muitos não recebem visitas de familiares e eu sou a única conexão que eles têm com o mundo exterior. Para mim, a advocacia deve ser humanizada, e isso não diminui minha firmeza profissional. Não preciso perder minha humanidade para ser respeitada na área criminal.

Quais são os maiores desafios da advocacia criminal?

Por exemplo, quando um flagrante chega até mim, é de uma pessoa que recebeu indicação pelo meu tempo de atuação e meu nível de conhecimento. Quando vem, normalmente é de alguém próximo ou das redes sociais, mas o primeiro pensamento das pessoas é um advogado antigo e homem. O desafio é mostrar que a mesma atuação que aquele homem pode fazer, eu também posso. Já conheci pessoas com muito tempo de atuação e menos experiência, porque a advocacia é uma vivência prática. Dentro desses 3 anos, já vivi situações de repassar conhecimentos para colegas, porque me atualizo. Já vi profissionais antigos que acham que sabem de tudo. 

Além disso, mostrar competência não é somente postar vídeos mostrando estar no presídio, mas viver momentos como eventos para mostrar minha fala, mostrar que eu sei o que falo, estar em eventos acadêmicos onde a gente pode falar de lei, direito penal, Código de Processo Penal, ocupar espaços dentro dos cursos de mestrado e pós-graduação, por exemplo.

Que conselho você daria para quem quer seguir nessa área?

Se eu pudesse deixar uma mensagem para alguém, seria a de que se preparasse de forma prática, não só nos estágios da Unileão, mas que buscasse oportunidades também nos órgãos estaduais, em escritórios, porque a vida prática exige que a gente se prepare muito.

Viabilizar o exercício dos direitos e o acesso da sociedade à Justiça.


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