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Professor da Unileão publica estudo sobre hanseníase e alerta para situação no Cariri

Publicado em revista da Universidade de Oxford, estudo alerta para casos concentrados em locais de peregrinação e reforça a atenção básica no Cariri.

17/06/2025 10:56 am - COMPARTILHE: - + Imprimir

O Cariri cearense ganhou visibilidade internacional por meio da ciência produzida em seu próprio território. O Professor Albério Ambrósio Cavalcante, do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio (Unileão), teve seu artigo científico aceito pela prestigiada revista Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, da Universidade de Oxford, uma das mais importantes na área de Medicina Tropical.

O estudo, intitulado “Leprosy relapse near pilgrimage sites in the Cariri region of Brazil”, integra sua tese de doutorado em Ciências da Saúde e traz reflexões sobre a relação entre a recidiva de hanseníase — retorno da doença após tratamento — e a concentração de casos em locais de romaria.

“Não afirmamos que a peregrinação seja a causa direta da recidiva, mas identificamos uma maior concentração de casos em locais que recebem grande fluxo de pessoas como o Horto e a Igreja Matriz de Juazeiro do Norte; a estátua de Nossa Senhora de Fátima, no Crato; e a Festa de Senhora Sant’Ana, em Iguatu”, explica o professor.

O mapeamento utilizou dados do DataSUS e técnicas de georreferenciamento, autorizadas pelo Comitê de Ética em Pesquisa para acesso às informações por domicílio. A pesquisa analisou 2.374 casos de hanseníase notificados entre 2015 e 2022 em 45 municípios do Cariri, destacando 337 casos de recidiva – quando a doença retorna após cinco anos da cura. A maioria dos casos identificados corresponde às formas mais graves e transmissíveis da doença, o que aumenta o risco de contágio entre moradores que convivem com pacientes já diagnosticados.

Para o professor, a pesquisa é um alerta à gestão pública. O Brasil ainda é o segundo país do mundo com mais casos da doença, que pode causar incapacidade física severa, afetando diretamente a qualidade de vida e a funcionalidade dos pacientes. O estudo defende a revisão das estratégias públicas de combate à hanseníase, com ações específicas.

“Por que não estabelecer, por exemplo, no Horto, que é um lugar visitado todos os dias por pessoas de tantos lugares, até de fora do país, uma unidade de triagem desses casos, um lugar onde se faça vacinação? Existe uma vacina, que é a BCG, que não impede que você tenha a hanseníase, mas ela pode impedir as formas graves da doença. A hanseníase é uma doença incapacitante. O que isso quer dizer? Que ela pode ter inflamações nos nervos. Muita gente associa a hanseníase só à presença de manchas. Mas não é isso só”, aponta.

Além da vacinação, outros caminhos possíveis passam pela vigilância ativa de contatos próximos dos pacientes, triagem e capacitação dos profissionais da atenção básica.

Alerta de saúde pública para além da universidade

Apesar de tratável, a hanseníase continua sendo uma doença negligenciada e com grande potencial de causar incapacidades físicas permanentes, como deformidades nas mãos, nos pés e na face. Segundo o professor Albério, mesmo após a cura, pacientes podem desenvolver sequelas anos depois, o que evidencia a necessidade de rever ações estratégicas na vigilância e na reabilitação continuada.

“Prevenir é mais econômico e humano do que tratar. O Brasil ainda está em segundo lugar no mundo, só perdendo para a Índia, alguma coisa tem que acontecer de revolução nessas políticas públicas, alguma coisa na atenção básica tem que ser realmente revolucionária para que esse cenário seja mudado. E detalhe, só foi um recorte feito no Cariri, eu tenho um plano, uma intenção de aumentar essa mesma análise do ponto de vista do Ceará inteiro e para a gente transformar essa análise em algo mais amplo”, afirma.

Responsabilidade social e formação acadêmica

O professor Albério celebra a publicação como uma conquista coletiva: “Como professores e profissionais de saúde, não devemos apenas reproduzir conhecimentos vindos de fora, mas sim gerar pesquisas genuínas e relevantes no nosso próprio contexto. Ainda não há estudos que relacionem a hanseníase com peregrinações, e levantar essa hipótese pode abrir caminho para questões mais sensíveis e aprofundadas. O estudo ecológico, por exemplo, permite gerar diversas hipóteses, analisando a distribuição de uma doença em determinada região e apontando possíveis explicações — essa é uma delas”, afirma.

Além da importância científica, a pesquisa revela o comprometimento da Unileão com a formação cidadã e crítica de seus estudantes. O professor Albério é responsável por disciplinas como Epidemiologia e TCC II, e desenvolve atividades práticas e oficinas no Congresso de Fisioterapia (CONFIC), em que os alunos aprendem a analisar dados públicos, produzir evidências e entender o papel da Fisioterapia na prevenção e nas políticas públicas.

“O fisioterapeuta não precisa atuar apenas na reabilitação. Ele pode ser um pesquisador, um agente de transformação na saúde pública”, defende. “Ex-alunos hoje ocupam cargos em secretarias de saúde e na vigilância epidemiológica, reflexo direto de uma formação comprometida com o território”.

O artigo na íntegra está disponível neste link.

Formação com propósito

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