Iniciativa transdisciplinar reafirma compromisso da Instituição com a educação intercultural, orgânica e que se insere no contexto do território.
Com o objetivo de promover o diálogo entre diferentes áreas do conhecimento, as epistemologias dos saberes tradicionais e contribuir para a valorização das identidades culturais do Cariri, o Centro Universitário Doutor Leão Sampaio (Unileão) lança o programa de extensão institucional Território, Culturas e Relações Étnicas. A proposta busca integrar estudantes de diferentes cursos em torno de temas ligados à territorialidade, as identidades culturais que marcam a espacialidade, os saberes e fazeres originários que estão presentes nas cotidianidades e as discussões que permeiam as relações étnicas no Brasil e, sobretudo, na região do Cariri.
Coordenado pelo professor Pedro Adjedan, doutorando em Antropologia Social pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB e por iniciativa dos discentes Alessandra, Vitória, Sabrina e Luan, todos do quinto semestre do curso de Direito, o programa surge como um instrumento de presença da instituição no território do Cariri, contribuído para o desenvolvimento de ações que possam evidenciar todos os aspectos que dizem respeito à composição étnica da região, promovendo um diálogo profundo entre saberes tradicionais e acadêmicos. Além disso, do ponto de vista pedagógico, o programa se constitui como aporte de efetivação para a política de obrigatoriedade prescrita na lei 10.639/2003 e a lei 11.645/2008.
“Diferente dos projetos da extensão curricularizada, esse grupo funcionará continuamente, já que possui caráter institucional, apenas variando as ações e os territórios e comunidades onde elas serão desenvolvidas, com foco especial em comunidades tradicionais e originárias. A primeira ação será realizada em uma comunidade quilombola. O programa tem caráter transdisciplinar, envolvendo cursos como Direito, Psicologia e áreas da Saúde, promovendo atravessamentos entre diferentes áreas do conhecimento acadêmico e os saberes praticados pelas comunidades”, explica.
Segundo o professor Pedro Adjedan, a criação do programa parte do reconhecimento de que as histórias e culturas afro-brasileira e indígena foram historicamente silenciadas, invisibilizadas ou reduzidas a visões colonizadas nos registros oficiais, nas estruturas de poder e, sobretudo, nos espaços educativos acadêmicos.
Embora existam avanços legislativos, como o Estatuto da Igualdade Racial e diretrizes curriculares para o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena, as políticas públicas ainda não têm sido suficientes para combater o racismo estrutural, o etnocentrismo, os preconceitos, as intolerâncias e os apagamentos e negações identitárias, e garantir a presença plena desses povos nos espaços de produção de conhecimento e de poder.
“A proposta deste programa de extensão, busca enfrentar essa realidade por meio de ações efetivas que valorizem as heranças culturais, disseminem essas identidades, promovam a conscientização, uma formação adequada e fortaleçam os vínculos entre a universidade e as comunidades tradicionais, ampliando o diálogo, a pesquisa e o protagonismo desses povos”, reforça o professor.
O cronograma com datas, atividades e locais das visitas será divulgado em breve pelos canais digitais da Unileão.