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Unileão promove evento para debater a temática da diversidade

O “I Seminário Diversidades: Conhecer para Incluir” aconteceu na última segunda-feira, dia 3, no campus Lagoa Seca da Unileão.

05/06/2024 10:05 am - COMPARTILHE: - + Imprimir

Na última segunda-feira, dia 3, no campus Lagoa Seca, os professores Junior Linhares e Marcos Teles organizaram, em parceria com os estudantes do 9° semestre de Psicologia da Unileão, o “I Seminário Diversidades: Conhecer para Incluir”. O objetivo do evento foi promover discussões sobre diversidade em seus diversos âmbitos: sexual, de gênero, geracional, cultural, etc. O evento é resultado dos esforços de ambos os professores, que ministram a disciplina “Psicologia e Diversidades” no curso de Psicologia da Unileão.

Diversidade de gênero e saúde mental

Brendha Vlasack, conselheira municipal dos direitos LGBT+ de Juazeiro do Norte e coordenadora e assistente social da Casa da Diversidade Cristiane Lima, trouxe a temática “Diversidade de Gênero”. Brendha compartilhou suas vivências como mulher transexual e os desafios enfrentados. “Vivemos em uma sociedade que nos marginaliza, em um contexto patriarcal, conservador, fundamentalista religioso, racista, misógino, LGBTfóbico, enfim. Falando da minha população trans, mas não deixando de falar das orientações sexuais, às vezes, dentro do próprio contexto social, essas pessoas são massacradas. Por isso, na Casa da Diversidade, nossa maior demanda é a psicologia, inclusive com fila de espera”, destaca.

Em seguida, o psicólogo Agnelo Junior abordou a temática do estresse de minorias e saúde mental. Agnelo iniciou sua fala perguntando aos presentes quem se reconhecia como parte de uma minoria e, em seguida, explicou o termo. ‘’Afinal, o que é uma minoria? Sempre que falamos desta palavra, imaginamos uma questão estatística. Só que essa não é uma minoria quantitativa, é qualitativa, social. Minoria é toda instância que vai dificultar meu acesso a um determinado objetivo. Vou fazer um recorte muito claro dentro da vivência LGBT+. Eu sou um homem gay, não me sinto no direito de falar sobre a minoria de uma pessoa trans, ou de uma mulher. Eu não vivi isso na minha pele, apesar de ter um alto nível de empatia, não é meu lugar de fala”, explica.

Agnelo também ressaltou que o estresse de minorias é causado por estressores gerais. “Dentre eles estão o término de um relacionamento, perda de um emprego… Ou seja, qualquer pessoa está sujeita a isso, entretanto, existem alguns estressores que são muito específicos das minorias. Por exemplo, somente um casal gay sabe o que eles passam para conseguir dar as mãos em público. O estresse de minorias é enfrentado pela comunidade LGBT+ como resultado da discriminação, do preconceito, da marginalização baseados na orientação sexual ou identidade de gênero”, afirma.

Após a mesa-redonda, o Programa de Educação Ambiental e Social (PEAS) do curso de Psicologia foi apresentado, junto com seus integrantes, e a professora Larissa Linard explicou brevemente sobre os objetivos do programa. Para fechar com chave de ouro o primeiro bloco de discussões, o Coral da Melhor Idade da Unileão realizou uma apresentação, abrilhantando a manhã de todos(as) os(as) participantes.

Diversidade étnico-racial, da pessoa com deficiência, neurodiversidade e geracional

Yohana Alencar Oyátòsín, advogada e professora, trouxe à discussão o tema da diversidade étnico-racial e enfatizou a importância de abordá-lo nas salas de aula. “Para que uma pessoa se reconheça e tenha orgulho da sua história, ela precisa ter esse conhecimento. Enquanto as pessoas mantiverem o discurso de que o(a) negro(a) é inferiorizado(a), ele vai acreditar nisso. E a gente sabe que a realidade é diferente”, destaca Yohana.

Márcia Clébia Damasceno, professora da Unileão e intérprete de Libras, discutiu a diversidade da pessoa com deficiência e a neurodiversidade. Como mãe de uma criança com síndrome de Down, ela afirmou que abraçou a inclusão desde a adolescência e para a vida toda. “Eu faço parte da inclusão dos surdos e trabalho em prol disso, e há seis anos a inclusão me abraçou de uma forma diferente, quando Deus me deu um grande presente: minha filha com síndrome de Down. Então, passei a ser pesquisadora e a me envolver em outra causa de inclusão. O maior conhecimento sobre inclusão vem de pessoas que vivem a falta dela. Eu não sabia o quanto era difícil, mesmo trabalhando desde adolescente pela inclusão dos surdos, combater não pessoas, mas ideias em relação ao preconceito”, relata.

Encerrando a programação da manhã, a psicóloga Maria Júlia Bezerra, que também é professora do projeto Universidade para a Melhor Idade da Unileão, trouxe um debate sobre a diversidade geracional. Ela destacou que as pessoas não devem mascarar a velhice com eufemismos. “Velho e idoso são palavras sinônimas, não sendo necessário eufemismos ou palavras agradáveis para falar a mesma coisa. É preciso elevar a velhice e não mascará-la. Assim como todos os outros temas que estão aqui e são tratados na temática da diversidade, não é preciso eufemismos. É preciso elevar esses temas e essas populações, para a categoria, o destaque e a magnitude que nós merecemos”, concluiu Maria Júlia.

A programação seguiu durante todo o dia, com a realização de uma roda de conversa à tarde, uma intervenção sobre o racismo linguístico e uma mostra de banners dos alunos do 9° semestre. À noite, houve um momento de descontração, o “Diversity Sunset”, com a presença do DJ Luan Duarte, seguido da apresentação das ligas, Atlética Empírika e grupo de pesquisa do curso, e foi encerrado com o lançamento de um livro.

Lançamento do Livro “Vem cá que eu te conto!”

A programação da noite contou com um momento especial para o professor Junior Linhares: o lançamento de seu livro intitulado “Vem cá que eu te conto! Trajetórias profissionais de travestis e transexuais: intersecções entre corpo, gênero, sexualidade e raça”, resultado de sua tese de doutorado.

Para o professor, pesquisar sobre essa temática é relevante porque demarca uma posição ética e política na defesa dos direitos da população trans. “Esse é o fruto do meu processo de doutoramento em Psicologia Clinica. Um trabalho que possibilita grandes reflexões subsidiando a atuação das diferentes áreas, auxiliando em discursos e práticas verdadeiramente inclusivas”, disse.

Confira os registros da manhã:

Compromisso com os processos de transformações sociais e promoção da qualidade de vida.


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