Evento será realizado de 4 a 8 de agosto, na Universidade Federal da Bahia.
Do Cariri para a Bahia: a Unileão marca presença na XV Reunião de Antropologia do Mercosul (RAM), o maior evento da área na América Latina, com dois trabalhos aprovados para apresentação. O encontro, que neste ano acontece de 4 a 8 de agosto na Universidade Federal da Bahia (UFBA), celebra 30 anos de história e, pela primeira vez, será realizado em uma cidade nordestina.
Entre os destaques está o estudo conduzido professora Daniele Clemente, com os estudantes Mateus Vieira e Brendha Maria Gomes, do 8º semestre do curso de Direito da Unileão. A pesquisa, intitulada: “Cultura, etnicidade e a questão das drogas no campo jurídico contemporâneo: reflexões transdisciplinares acerca do Recurso Extraordinário nº 635659 do STF”, traz à tona debates urgentes sobre políticas de drogas, justiça e diversidade cultural no Brasil atual.
Já o professor Pedro Adjedan leva à RAM uma proposta ousada e poética com o trabalho: “Deus te livre de quebrante: entre garrafadas, banhos e a poética da antropologia na formação intercultural em saúde num diálogo entre saberes tradicionais e a ortodoxia do conhecimento”.
Segundo o Professor “O tema do trabalho circunscreve a necessidade que temos de fazer uma profunda reflexão acerca do percurso formativo no campo da saúde, não que diz respeito aos aspectos técnicos e teóricos que permeiam as matrizes curriculares, mas acerca de outros atravessamentos que essa formação precisa ter. A universidade, sobretudo em razão da hiper-racionalidade imposta pela ortodoxia dos conhecimentos científicos e sua hegemonia, ao longo do processo histórico distanciou-se das identidades e das práticas culturais que se materializam nas espacialidades territoriais em forma de tradição. Esse fenômeno, de certa forma, invalidou essas práticas, marginalizando-as e as classificando como uma subcultura que se apresenta de forma paradoxal a erudição do academicismo, como se não fossem um tipo de epistemologia secular.”
“Nos últimos anos, principalmente a partir das observações feitas pela Antropologia sobre a lógica do Antropoceno, sentimos a necessidade de um certo “retorno”, uma reconexão com saberes e fazeres que derivam das relações que o humano estabeleceu historicamente com a natureza, dando origem a práticas de cura por meio de meizinhas e benzimentos que se constituem como a episteme das tradições culturais. Essa reflexão, nos orienta para o estabelecimento de um diálogo entre os saberes tradicionais e os saberes acadêmicos, mediado pelo conhecimento antropológico e que deve ser efetivo no processo de formação em saúde na contemporaneidade. Aprovar esse trabalho na XV Reunião de Antropologia do Mercosul, principalmente no GT Plantas, rezas e saberes: antropologia política das práticas tradicionais de cura e cuidado tem uma relevância acadêmica extraordinária, num contexto em que grandes instituições, sobretudo na Europa e na América Latina, têm se voltado para o desenvolvimento de pesquisas nessa temática.”
Mais do que uma aprovação em um evento acadêmico, a participação da Unileão na RAM representa o fortalecimento da produção científica comprometida com a realidade brasileira e com os desafios sociais do nosso tempo. É a universidade reafirmando seu papel como espaço de pensamento crítico, transformação e diálogo entre saberes.