Alinhada ao compromisso com os direitos humanos e a promoção da cidadania, Instituição atua como agente transformador por meio de projetos de extensão, publicações científicas e ações que fortalecem o debate e incentivam práticas pela igualdade de gênero.
O mês de agosto marca a campanha Agosto Lilás, movimento nacional de enfrentamento à violência contra a mulher. Criada para lembrar a sanção da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) – que completa 19 anos em 2025 –, a mobilização busca informar, sensibilizar e engajar a sociedade na prevenção e no combate a todas as formas de violência de gênero.
Um cenário que exige ação
Apesar dos avanços legislativos, os números ainda preocupam. Em 2024, foram registrados 1.492 feminicídios no Brasil – o maior número desde que o crime foi tipificado, em 2015, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Isso significa que, em média, quatro mulheres foram assassinadas por dia, sendo 8 em cada 10 mortas por companheiros ou ex-companheiros. A maioria das vítimas era negra, jovem e foi morta dentro de casa.
No Ceará, apenas no primeiro semestre de 2025, houve 12.535 casos de violência doméstica e 23 feminicídios. Os dados reforçam que a violência de gênero é um problema estrutural que exige acolhimento, responsabilização dos agressores e ações preventivas efetivas.
Tipos de violência contra a mulher
• Física: uso intencional da força para causar dor ou lesão;
• Psicológica: condutas que causam dano emocional e diminuem a autoestima;
• Sexual: coerção ou imposição de atos sexuais, incluindo estupro e assédio;
• Patrimonial: dano ou retenção de bens, documentos e recursos financeiros;
• Moral: calúnia, difamação ou injúria que afetam a honra da mulher.
Efeitos, acolhimento e apoio
As consequências psicológicas da violência contra a mulher podem ser profundas e duradouras, alerta a professora Moema Alves, do curso de Psicologia da Unileão. “São comuns quadros de ansiedade, depressão, estresse pós-traumático, insônia, culpa e baixa autoestima. Muitas mulheres também apresentam isolamento social, medo constante e sintomas físicos ligados ao trauma”, afirma.
Segundo a docente, a Psicologia contribui para a reconstrução da autonomia e autoestima das vítimas por meio de escuta qualificada, apoio emocional e planejamento de estratégias de autocuidado e segurança. O atendimento inclui avaliação de riscos, encaminhamentos para redes especializadas e ações integradas com outros profissionais.
Moema destaca ainda o papel essencial da escuta empática. “Quando a mulher é ouvida sem julgamentos e tem sua experiência validada, ela sente segurança para falar e buscar ajuda, o que favorece o encontro de trilhas para o controle da própria vida. Esse acolhimento já é parte do tratamento”, explica.
Sinais de alerta e como ajudar
A professora lista sinais de alerta, clínicos e contextuais, que podem indicar situações de violência:
• Lesões explicadas de forma vaga e recorrente; queixas somáticas crônicas; ansiedade, depressão, pânico e insônia; evasão acadêmica e/ou profissional;
• Controle coercitivo, como isolamento de amigos e família, monitoração de celular e redes sociais, retenção de documentos pessoais e dinheiro, humilhações e ameaças a filhos e animais;
• Situações de alto risco de letalidade e integridade física, como escalada da violência, acesso do agressor a armas, ameaças de morte, ciúme extremo com perseguição, tentativa de estrangulamento e separação recente diante de histórico de violência por parceiro íntimo.
Sobre como agir, Moema ressalta que a ajuda depende muito do papel que a pessoa tem na vida da vítima, mas que algumas atitudes são fundamentais. “É importante escutar sem interromper, perguntar sobre necessidades, validar sentimentos e desmistificar culpas da mulher apresentando o contexto estrutural das violências de gênero e indicar serviços especializados que orientam sobre leis, serviços e recebem denúncias”.
Ela complementa: “É muito importante respeitar o ritmo e a autonomia de cada pessoa. Romper um ciclo de violências é algo muito difícil e, por isso, é necessário oferecer opções e não ordens. Evitar qualquer forma de culpabilização é essencial, pois isso previne a vitimização secundária”.
O papel da universidade na prevenção
A Unileão desenvolve projetos de extensão e pesquisas que fortalecem a discussão e a conscientização sobre igualdade de gênero, como:
• Vozes do Parto – Projeto do curso de Direito orientado pela professora Rafaella Dias, que resultou na Lei Municipal nº 975/2025, em Caririaçu, instituindo o Programa de Conscientização sobre a Violência Obstétrica.
• PROELAS – Também do curso de Direito, voltado à conscientização de meninos e homens sobre a prevenção da violência doméstica, com rodas de conversa, oficinas e materiais educativos.
Além disso, a Instituição contribui com a produção e difusão de conhecimento por meio de publicações acadêmicas, como:
• Livro digital “As Faces da Violência de Gênero” – Organizado por estudantes e professores da Unileão, discute o papel das instituições de saúde no enfrentamento da violência doméstica e na promoção da saúde das mulheres.
• Livro digital “A Psicologia e o cuidado frente à mulher vítima de violência” – Autoria da professora Indira Siebra, aborda o atendimento integral à mulher vítima de violência, com ênfase na atuação da psicologia.
Reconhecimento e compromisso
O trabalho da Unileão na defesa dos direitos das mulheres foi reconhecido com o Selo de Responsabilidade Social Feminina, concedido pelo Instituto ELA – Educadoras do Brasil. A honraria reforça quase 25 anos de atuação da Instituição em projetos voltados a mulheres em situação de vulnerabilidade, além de sua expressiva representatividade feminina no corpo docente, técnico-administrativo e de gestão.
Onde buscar ajuda
A violência contra a mulher é uma violação de direitos humanos. Denunciar é um passo essencial para quebrar o ciclo de agressão. Confira os canais de apoio:
• Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180
• Secretaria das Mulheres – Ligue 155
• Polícia Militar – Ligue 190
• Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (NUDEM) – 129
• Casa da Mulher Cearense – Juazeiro do Norte
Pe. Cícero, 4501, São José
Tel.: (85) 98128-8071 | E-mail: [email protected]
• Patrulha Maria da Penha – Juazeiro do Norte
• Centros de Referência (CRAS, CREAS, CRM) dos municípios
• Estratégias de Saúde da Família (ESF)
• Movimentos sociais, ONGs, Ministério Público, OAB Mulher